domingo, 17 de novembro de 2024

Atenas Ano 477 da Fundação (300 aC)


[168] Cleanthes de Assos... chegou a Atenas com quatro dracmas... encontrando-se com Zênon passou a estudar filosofia, demonstrando grande dedicação, e permaneceu fiel à sua doutrina. Sua operosidade tornou-se famosa, pois sua extrema pobreza obrigava-o a trabalhar para viver. Assim, enquanto à noite tirava água dos poços de jardins, durante o dia exercitava-se na argumentação... Dizem ainda que foi levado aos tribunais para explicar de onde tirava os meios de vida, sendo uma pessoa de constituição física sã e robusta, porém foi absolvido ao apresentar como testemunha o jardineiro junto ao qual tirava água dos poços, e a vendedora de farinha para quem moía trigo. [169] Os juízes do Areópago ficaram satisfeitos e decretaram que lhe fossem dadas dez minas... [Kury, VII]



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Duas colunatas delimitavam a entrada da Ágora: a Stoa era a colunata do lado esquerdo de quem entrava


A lista das obras de Cleanthes [acme 290 aC] demonstra sem dúvida que ele foi filósofo original, desenvolvedor das teses de Zenão, não apenas um seguidor...

Alguns dos 50 Títulos de Cleanthes em D.L. VII. 174:

Sobre a Filosofia Natural de Zênon (2 v.) // Interpretações de Herácleitos (4 v.) // Lógica (3 v.) // Os Predicados // Do Tempo // Da Sensibilidade // Da Arte // Do Impulso // Antiguidades // Dos Deuses // Do Casamento // Dos Poetas // Do Dever (3 v.) // Do Fim Supremo // O Estadista // Da Realeza

Sua dedicação à leitura das teses em Herácleitos de Êfesus, fonte de suas melhores contribuições teóricas, seu Hino a Zeus, suas várias referências lógicas, éticas, físicas, literárias, mostram um espírito persistente, sistemático, analítico. Se era pouco veloz nos raciocínios e frases, isto seria devido à sua condução intuitiva do processo analítico, o que seria sem dúvida bastante estranho aos procedimentos erísticos e dialéticos dos filósofos sofísticos ou pirrônicos, que lhe dirigiam gracejos (Conforme Tímon)... Cleanthes não se importunava, e respondia: “Somente eu sou capaz de suportar o fardo de Zênon”.










O Herói Heraklês aparece nesta procissão entre Deuses Olímpicos, na Atica de cerca 500 aC. Como semi-deus estreante, Heraklês parece um tanto assustado ou preocupado no desfile, levando um poderoso tacape, junto aos Imortais... Um dos deuses parece lhe dirigir uma anedota... "Ó Heraklês, por algum tempo ainda farás uso desta alavanca entre os mortais"! ...

Algumas das principais obras de Zenão de Citium:

[D.L. VII. 4; 39; 134; 157]

Origem dos Deuses, ou da Teogonia de Hesíodo (Nat. Deo. I, xvi) // Da Substância // Do Universo // Da Alma // Da Vida Segundo a Natureza // Do Impulso, ou da Natureza Humana // Das Paixões // Da Visão // Do Dever // Da Lei // Ética // Sobre a Lógica // Dos Universais // Da Educação Helênica // Questões Pitagóricas // Dos Sinais (Divinatórios) // Problemas Homéricos (5 v.) // Da Leitura da Poesia // Das Espécies de Estilo // Arte Retórica // Recordações de Crates


Entre centenas de fragmentos que se dispersam, e que se repetem, de Zenão e Cleanthes, de Crísipos e Diógenes da Babilônia, de Panécios e Possidônios – preservados por Stobeos, Laércios, Galenos, Sextos Empíricos, Plutarcos, Sêneca e Cicero - nenhum texto original dos antigos mestres Estóicos foi preservado – com exceção do Hino a Zeus, de Cleanthes de Assos, colecionado por Stobeos em seus Extratos Físicos e Morais [Eclogae, I. 1.12].

O original está em Pearson, C. 48. O Hino com 39 linhas tem diversas falhas revistas e interpolações feitas pelos estudiosos. Pearson faz 36 anotações ao texto.

O Hino a Zeus e diversos textos estóicos romanos, incluindo os tratados de Cicero, Sêneca, Epictetos, Marco Aurélio, e o capítulo VII de Laércios, estão na coletânea Les Stoïciens, organizada e traduzida por Émile Bréhier, editada por P.-M. Schuhl, 1962, 1.500 pags.

Jean-Joël Duhot em seu estudo sobre Epictetos e a sabedoria estóica no mundo romano demonstra como “Por intermédio do judaísmo helenístico e da pregação de Paulo [de Tarso], o Estoicismo tornou-se um tanto o passageiro clandestino do Cristianismo”. Na tradução para o grego do texto canônico bíblico, feita pelos “Setenta Sábios Hebreus de Alexandria”, temos uma reconstrução, em terminologia estóica, da antiga tradição teológica mesopotâmica-hebraica – e não uma versão religiosa “inspirada”...

Por sua vez, Paulo de Tarso, o pregador do sincretismo religioso pré-cristão, estaria fazendo citação direta do Hino a Zeus no tema da “nossa semelhança e descendência física” ao grande Deus Universal... (Também presente no filósofo estóico contemporâneo Arato). [Epicteto e a Sabedoria Estóica, Ed. Loyola, 2006, pags. 215; 207] [Bayard Éditions, 1996]









Um Hino para Zeus

Long & Sedley, The Hellenistic Philosophers, 54. I [pag. 326]

Most majestic of imortals,
many titled, ever omnipotent Zeus,
prime mover of nature, who with your law
steer all things, hail to you [!]

For it is proper of any mortal to address you:
We were your offspring, and alone of all mortal creatures
which are alive and tread the earth we bear a likeness to god.

Therefore I shall hymn you and sing for ever
of your might.

All this cosmos, as it spins
around the earth,
obeys you, whichever way you lead,
and willingly submits to your sway.

Such is the double-edged fiery
ever-living thunderbolt which you hold at the ready
in your unvanquished hands...

 

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